No momento, você está visualizando Leituras de 2022 – Recomendações de livros (e quadrinhos)

Leituras de 2022 – Recomendações de livros (e quadrinhos)

  • Reading time: 19 mins

Quer ler mais em 2023 e não sabe por onde começar? Em 2022 eu li um monte de coisa legal e com certeza pelo menos um livro dessa lista vai valer a pena para você.

O ano acabou e, depois de ver esse vídeo do BRKsEDU, me empolguei para fazer uma lista dos livros (e quadrinhos) que li em 2022. O formato é batido, mas acho que vocês vão gostar da lista.

Leitura, registros, hábitos e assuntos

Eu mantinha o registro dos livros que li no Skoob, mas como alguns livros em inglês não estão lá, eu acabei criando uma conta no Goodreads (e mantendo o controle nos dois lugares). Se você tem conta em algum dos dois lugares não esquece de me adicionar!

Meu principal modo de leitura é o Kindle. Vou destacando os trechos que mais gosto (quanto mais, melhor) e depois exporto e crio uma entrada no Notion. Comecei esse hábito depois de ler o Building a Second Brain, que faz parte dessa lista. Os trechos de citação foram todos resgatados dessa forma.

Montando essa lista percebi que organização pessoal e saúde mental foram meus focos esse ano. Também existe um tópico de responsabilidade pessoal (o que você faz com a sua vida) que permeia a lista se fazendo presente do Sutil arte até o livro sobre Taoísmo.

Modern Software Engineering – David Farley

Posso dizer com tranquilidade que esse livro é um divisor de águas no modo como eu entendo criação de softwares. Se você é programador ou programadora eu recomendo DEMAIS que você leia esse livro.

A visão pragmática – o que funciona, por que precisa ser feito – é o ponto alto do livro para mim. Ele é um pouco mais teórico do que alguns podem esperar, mas a aplicação do termo “Engenharia” ao desenvolvimento de programas de computador faz muito mais sentido para mim agora.

Recomendo para todo mundo, mas especialmente para quem está entre um nível pleno e sênior e já cansou de correr atrás do próximo framework.

O livro foi recomendação do Dustin Rue. O David Farley também tem um excelente canal no YouTube. Infelizmente, o livro não tem tradução em português.

Building a Second Brain – Tiago Forte

Esse ano li alguns livros sobre hábitos e organização pessoal, uma pegada meio autoajuda. O Building a Second Brain tem várias dicas de como organizar o conhecimento que passa por você, mas que se perde porque nossa memória é limitada.

Essa é a sensação que o livro traz: ao guardar o conhecimento em outro lugar você vai sentir um ALÍVIO enorme, pode acreditar.

Seu segundo cérebro é um lugar (idealmente) virtual, que você pode acessar facilmente e serve como primeira parada para achar uma informação que você viu anteriormente.

Li por indicação do Chase Livingston, mas logo descobri que o Daniel Kossmann também tinha lido. Apesar do Tiago Forte ter um nome bem brasileiro, ele é americano e o livro não tem tradução até agora.

Se você curte o assunto, além deste livro também recomendo o excelente A arte de fazer acontecer do David Allen.

Hábitos Atômicos – James Clear

Outro livro excelente. O autor disseca a estrutura de um hábito, explicando como é possível trocar maus hábitos por bons. Mais do que isso, o livro me fez reavaliar vários aspectos da minha vida pessoal e profissional, bem como pensar em como evoluir em certas áreas.

Recomendo demais e, por ser um best seller, vira e mexe entra em promoção. Ah, e está disponível em português!

Existe uma parábola grega antiga, conhecida como o Paradoxo de Sorites, que fala sobre o efeito que uma pequena ação tem quando é suficientemente repetida. Uma formulação do paradoxo é a seguinte: uma moeda torna uma pessoa rica? Se você desse uma pilha de dez moedas a uma pessoa você não diria que ela é rica. Mas e se adicionasse outra? E outra. E outra. Em algum momento, você terá que admitir que uma moeda é capaz de tornar alguém rico, ou ninguém seria.

Sociedade do cansaço – Byung-Chul Han

Embora eu tenha gostado demais desse livro, admito que ele não é para qualquer um.

O autor começa descrevendo uma estrutura bipartida (sim e não, senhor e escravo, ameaça e proteção) e como a ausência dessa estrutura, substituída pelo excesso de afirmação e autocobrança, gerou uma sociedade doente, voltada única e exclusivamente para o desempenho.

Se você se preocupa com saúde mental, odeia as frases “não reclame do trabalho”, “agradeça por ter emprego” e similares, você vai gostar dessa leitura.

O livro é bem curtinho e também está disponível em português.

O homem depressivo é aquele animal laborans que explora a si mesmo e, quiçá deliberadamente, sem qualquer coação estranha. É agressor e vítima ao mesmo tempo.

O burnout, que em geral precede a depressão, não remete tanto àquele indivíduo soberano, ao qual falta a força para “ser senhor de si mesmo”. O burnout, ao contrário, é a consequência patológica de uma autoexploração.

A sutil arte de ligar o f*da-se – Mark Manson

Esse é uma leitura fácil, às vezes até meio exagerada, mas que pode abrir o olho de muita gente. Você não é tão especial quanto acredita ser, nem tão único, mas está tudo bem!

Seguindo a lista de livros sobre cansaço, organização pessoal, etc., esse aqui serve para amadurecer nossa visão de mundo (apesar do título bem 5ª série) e colocar a nossa atenção nos lugares certos.

Tomar decisões com base apenas no que seu coração manda, sem o auxílio da razão para se manter na linha, é pedir para dar merda. Sabe quem baseia a vida nas emoções? Crianças de três anos. Cachorros. Sabe o que mais crianças de três anos e cachorros fazem? Cagam no tapete.

Por exemplo: um dia você acorda e encontra um bebê recém-nascido na sua porta. Não é culpa sua que ele tenha sido colocado ali, mas o bebê passa a ser de sua responsabilidade. Você precisa escolher o que fazer, e qualquer escolha que fizer (adotar o bebê, se livrar dele, ignorá-lo, mandá-lo pegar um táxi para casa) vai gerar problemas — pelos quais você também será responsável. Os juízes não escolhem o que julgar. Quando um caso vai ao tribunal, o juiz não cometeu o crime, não o testemunhou nem foi vítima, mas é responsável pelo crime. Esse juiz precisa escolher as consequências daquele ato; deve identificar o parâmetro apropriado para avaliá-lo e garantir que a avaliação seja consistente.

Rápido e Devagar – Daniel Kahneman (abandonado)

O livro tem muita coisa legal, mas parei no meio.

O autor fala sobre dois “sistemas” que temos no nosso cérebro, um que reage imediatamente a tudo o que acontece à nossa volta e outro, mais lento, que realmente “pensa”. A forma como esses dois sistemas trabalham juntos muitas vezes nos faz analisar problemas da pior maneira possível.

Apesar das informações serem excelentes, o livro é… chato. O autor se preocupa em embasar todas as informações, mas muitas vezes revisita a mesma pesquisa várias vezes e o conteúdo simplesmente não avança.

Não gosto de largar livro no meio, mas esse infelizmente, não é para mim.

Outros

Além desses também li muita ficção e, uma das minhas paixões, quadrinhos. Fica a lista aqui para quem quer outras recomendações.

Livros

  • Fahrenheit 451 – Ray Bradbury: O livro é sobre um futuro distópico, onde todos os livros são proibidos. O livro é bom, mas não chega perto de outros como 1984 ou Admirável mundo novo. Preciso dizer também que as interpretações mais interessantes que você pode ler desse livro – sobre censura, por exemplo – não se alinham tanto com o intuito original do autor que queria só falar mal da TV, o que me tirou um pouco do encanto.
  • A catedral do mar – Ildefonso Falcones: O ritmo do livro é excelente, a história é boa e bem emocionante (chorei no final), mas o livro tem um defeito enorme: os personagens femininos são mal escritos e o machismo, não o da época, mas o do próprio autor, aparece em vários lugares da trama.
  • O Ladrão de Raios (Série Percy Jackson e os Olimpianos) – Rick Riordan: Esse eu li porque meu filho, Gabriel, também estava lendo. O livro é bem gostoso de ler e vem série da Disney esse ano. Infelizmente, o Rick Riordan escreve muito bem os primeiros livros de suas séries, mas não mantém a qualidade (comecei o segundo e desisti). A Tânia me disse que acontece a mesma coisa na série da Pirâmide vermelha.
  • A bússola de ouro – Philip Pullman: O mundo do livro é bem interessante, com animais servindo de contraparte aos humanos, na minha interpretação uma forma visível da alma de cada um. A história me pegou, tem série na HBO que eu ainda não assisti.
  • Iniciação Ao Taoísmo I – Wu Jyh Cherng: Esse eu li por indicação da minha esposa, Tânia. O Taoísmo é uma das inspirações para a Força, do Star Wars, e como filosofia é algo bem interessante. Esse é um livro bem curto e em 2023 quero ler o segundo. Esse não é ficção, mas acho que se encaixa melhor nessa lista aqui.

Quadrinhos

  • Maus: Historia completa – Art Spiegelman: Maus foi a única graphic novel a ganhar o Pulitzer até hoje e, preciso dizer, muito merecidamente. O livro é sobre a história de um sobrevivente do Holocausto e é um soco no estômago de várias formas diferentes. Recomendo demais!
  • Meu Amigo Dahmer – Derf Backderf: Embora eu não tenha assistido à série da Netflix, gostei demais do quadrinho que conta como foi o contato do autor com o Dahmer antes dele se tornar o assassino que foi. Traço muito interessante, junto a uma análise de que nem sempre se pode prever as coisas ruins que as pessoas são capazes de fazer.
  • Fronteiras do Além – Jayme Cortez: Jayme foi um português que ficou conhecido no Brasil por suas ilustrações e direções artísticas em mil coisas (Jayme foi editor de Maurício de Sousa, por exemplo). O livro é um compilado de suas histórias mais importantes. Além de ver como é possível contar boas histórias em só uma página, achei legal a quadrinização de algumas músicas também.
  • Os Livros da Magia – Neil Gaiman: Curto demais magia, tarot e o oculto em geral. Além disso, gosto muito do Neil Gaiman. Infelizmente, essa graphic novel tem bem pouco disso tudo: uma história bem chata, que insinua muito e diz pouco, se fazendo parecer mais do que realmente entrega. Uma pena, mas não recomendo (leia Deuses Americanos ou Mitologia Nórdica, que você ganha mais).

Foto da capa por Aaron Burden lá no Unsplash.